Uma reflexão sobre a quarentena e os livros

Cena do livro e curta-metragem "Os Fantásticos Livros Voadores de Modesto Máximo", de William Joyce.

Recentemente, com toda essa história de quarentena, me peguei bem introspectiva, refletindo sobre algumas coisas. Uma delas foi sobre o papel incrível que os livros podem desempenhar nesse período de isolamento social. 

Foi justamente enquanto pensava nisso que me lembrei de um curta-metragem que conheci ainda na época da escola, e que acabou se tornando uma das minhas histórias preferidas. 

“Os fantásticos livros voadores de Modesto Máximo” ou ainda “The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore” é um curta-metragem de animação, escrito e ilustrado por William Joyce e vencedor do Oscar de 2012 em sua categoria. O sucesso foi tanto que a história acabou ganhando também sua versão impressa, sendo transformada em um livro infantil – mas que agrada facilmente leitores de todas as idades. 

Apesar de não se tratar de uma produção recente, a história contada não poderia se encaixar melhor nos dias de hoje.

Cena inicial do curta que ilustra a capa do livro, publicado pela editora Rocco.

A narrativa se inicia com o protagonista, Modesto Máximo, sentado na varanda de seu quarto de hotel cercado por pilhas de livros. Dominado pelo mundo das palavras, ele aparenta estar em meio a um bloqueio criativo ao tentar escrever seu próprio livro. 

Enquanto o personagem está concentrado demais “dentro do seu próprio mundinho”, o inesperado acontece. Uma ventania extremamente forte começa a varrer a cidade inteira, levando pessoas, casas, bicicletas e tudo que encontra pelo caminho – incluindo Modesto e os seus livros. 

Assim que a ventania termina, Modesto e os outros cidadãos são deixados em meio a um cenário destruído e monocromático, bem diferente das coloridas ruas do início da história. 

Nesse novo contexto desprovido de cor, os personagens demonstram estar tão perdidos quanto nós estamos hoje, com o presente e o futuro se mostrando uma grande incógnita. 

No entanto, o que me levou à reflexão foi justamente a cena que se segue, com o cenário ganhando novamente cores vivas com o surgimento de uma nova personagem, que passa voando – literalmente – por Modesto, carregada por uma revoada de livros. 

Essa transição de um cenário monocromático para uma paisagem colorida e animadora pode ser interpretada como uma perfeita analogia dos tempos que vivemos hoje e do poder que os livros têm nesse cenário.

Embora o presente se mostre tão incerto quanto o futuro, nos deixando perdidos e desanimados com essa nova realidade, o fato de existirem livros que carregam as mais diversas histórias, podendo ser lidos um atrás do outro, servindo não só de companhia, mas também de meio de transporte nesse período que não podemos sair de casa, retrata mais do que uma chuva de cores, mas um acalento para o coração, mente e alma, trazendo uma mensagem para aqueles que os leem: você não está sozinho. 

A história demonstra que, mesmo em períodos sombrios, os livros são capazes de dar cor às nossas vidas. Seja através de uma história engraçada, de um romance investigativo que preenche nossas mentes nos fazendo criar teorias mirabolantes, ou até mesmo por meio de uma fantasia, que nos faz mergulhar em seu universo fantástico e esquecer das preocupações que fazem parte da realidade. 

Toda essa reflexão surgiu com base apenas nos primeiros minutos do curta – sim, estou orgulhosa de mim mesma por isso –, mas eu garanto a vocês que a história de Modesto Máximo tem muito mais pra te contar. Se você ficou curioso, é só dar o play.

Os livros são o único meio que nos permite viajar sem sair de casa. E você, pra onde vai viajar hoje?

Esse post faz parte dos conteúdos que eu desenvolvi no meu Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo. Falei um pouco mais sobre nesse post aqui ❤