Resenha: O céu está em todo lugar - Jandy Nelson

Título Original: The sky is everywhere
Autora: Jandy Nelson
Editora: Novo Conceito
Páginas: 423
Ano: 2011

Sinopse: Lennie Walker, gasta seu tempo de forma segura e feliz às sombras de sua irmã mais velha, Bailey. Mas quando Bailey morre abruptamente, Lennie é catapultada para o centro do palco de sua própria vida - e, apesar de sua inexistente história com os meninos, inesperadamente se encontra lutando para equilibrar dois. Toby era o namorado de Bailey, cujos sentimentos de tristeza Lennie também sente. Joe é o garoto novo da cidade, com um sorriso quase mágico. Um garoto a tira da tristeza, o outro se consola com ela. Mas os dois não podem colidir sem que o mundo de Lennie exploda...

"Às 16h48 de uma sexta-feira de abril, minha irmã estava ensaiando para o papel de Julieta e, menos de um minuto depois, estava morta.

Para minha surpresa, o tempo não parou com o coração dela.

As pessoas continuaram indo à escola, ao trabalho, a restaurantes; continuaram quebrando bolachas salgadas em suas sopas, preocupando-se com as provas, cantando nos carros com as janelas abertas.

Por vários dias, a chuva martelou o telhado da nossa casa - uma prova do terrível erro cometido por Deus.

Todas as manhãs, quando me levantava, ouvia as incessantes batidas, olhava pela janela para a tristeza lá fora e me sentia aliviada, pois pelo menos o sol tivera a decência de ficar bem longe de nós."

Confesso que ainda estou digerindo esse livro e não sei se a resenha ficará muito clara, mãaas, darei o meu melhor tentando. Levei mais o menos uma semana pra ler esse livro, pois junto com o tempo gasto estudando para provas e trabalhos finais para fechamento das notas escolares, esse livro despertou uma confusão de vários sentimentos em mim, o que atrasou bastante a leitura do mesmo.

O Céu está em todo Lugar é o tipo de livro que você cria uma relação de amor e ódio, tanto em relação a história quanto com a personagem principal.

Quando comecei a leitura, pensava que uma história triste e cheia de momentos de reflexão estaria me esperando, e até preparei a minha caixinha de lenços na mesinha de cabeceira para quando o momento chegasse. E aí é que está, o momento não chegou. Mesmo sendo uma história que envolve a morte de um ente querido, eu não consegui pensar nesse assunto como a temática principal do livro. É claro, não podemos nos enganar, pois o assunto está presente em todo livro, porém, não foi algo tão marcante quanto eu esperava.

Admito que levou muitas páginas para eu começar a gostar da história e realmente me sentir com vontade de terminar a leitura. A princípio, achei a escrita da Jandy Nelson MUITO forçada! Sabe aquele tipo de escrita que parece que foi feita só para que o leitor gostasse do que está lendo? Pois é. Eu não conseguia ver como algo natural da autora, o que me frustrou em boa parte do livro. Porém, como todo Pokémon evolui, com a Jandy não poderia ser diferente. Conforme vamos nos situando no livro, a escrita da autora vai se tornando mais natural e a gente nota que aquele 'esforço' feito no começo do livro para que a coisa desse certo não é mais necessário, pois a história flui por si mesma.

Acho que esse foi um dos primeiros livros em que eu não consegui simpatizar com a personagem principal. Foram poucos os momentos que consegui concordar com o modo de pensar e agir da Lennie. Ok, ela perdeu a irmã (e elas eram como unha e carne) e está muito abalada com o acontecido, mas isso não é motivo pra ela agir como agiu. Mesmo a autora criando-a como uma adolescente de 16 anos, em momento algum consegui vê-la como tal. A única imagem que eu tinha da Lennie era de uma criança entrando na pré-adolescência e que quer fazer de tudo para provar que já é madura o bastante. Sem falar que em que universo paralelo o fato de compartilharem da mesma tristeza é motivo para que você saia beijando o namorado da sua falecida e "tão amada" irmã? ~.~

Em compensação, gostei MUITO do Joe! Não por ele ser o bonitão da história, mas sim o personagem num todo. Um cara com muito senso de humor e que está sempre radiante e tentando ver o lado bom das coisas. Além de ser um musicista super talentoso, que toca de tudo um pouco, e faz de cada nota um som único e maravilhoso. Mas o que ele ganha em troca por todo esse brilho de Apolo? Um chifre.

Acho que a autora soube trabalhar bem os personagens secundários, tornando-os bem únicos com as suas caracterísicas totalmente peculiares. Acredito que sem eles a história não teria ficado tão boa... e é aí que entra a minha relação de amor e ódio.

Nas primeiras cem páginas você odeia a Lennie, o Tobby e o rumo que a história está tomando; nas cem páginas seguintes, você se pega suspirando pelo Joe e torcendo para que a Lennie largue mão de ser burra e comece a usar o cérebro; nas páginas seguintes, se torna um emaranhado de sentimentos e você não sabe mais o que pensar, pra quem torcer, quem está com a razão e qual será o desfecho da história. Eu acho que essa relação de amor e ódio foi simplesmente incrível para um primeiro livro da parte da autora, pois é essa confusão que faz com que nos envolvamos na história e possamos entender (ou ao menos tentar) um pouco mais do lado de cada personagem.

O que mais gostei no livro sem dúvida foi o trabalho gráfico! A Novo Conceito apostou bastante nesse conceito de céu, fazendo tudo no livro nos trazer um pedacinho dele. Seja na escrita em letras azuis, nos capítulos sendo marcados por um monte de nuvens, ou na segunda e terceira capa com um tom de azul profundo. Independente da parte do livro, a diagramação sempre te trará a imagem de um céu límpido e azul. Sem falar do título do livro... acho que nunca li nenhum livro em que o título condiz tanto com a história!

P.S: todas as fotos usadas nesse post foram retiradas do Google e são partes do livro. Fotografias de poemas e lembranças que a Lennie escreve no que encontra pela frente para poder expressar como se sente. 

No fim das contas, O céu está em todo o lugar se torna um bom livro se você persistir até o fim da leitura, que ao invés de lágrimas te colocará um sorriso nos lábios em determinados momentos, e acrescentará vários títulos de clássicos da literatura na sua listinha. Não posso dizer com total certeza se recomendo essa leitura, mas acho legal que você leia e tire suas próprias conclusões (;