Resenha: Passarinha - Kathryn Erskine

em 28 de dezembro de 2017

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Título Original: Mockingbird
Autora: Kathryn Erskine
Ano: 2013
Editora: Valentina
Páginas: 224

Sinopse: No mundo de Caitlin, tudo é preto e branco. Qualquer coisa entre um e outro dá uma baita sensação de recreio no estômago e a obriga a fazer bicho de pelúcia. É isso que seu irmão, Devon, sempre tentou explicar às pessoas. Mas agora, depois do dia em que a vida desmoronou, seu pai, devastado, chora muito sem saber ao certo como lidar com isso. Ela quer ajudar o pai – a si mesma e todos a sua volta –, mas, sendo uma menina de dez anos de idade, autista, portadora da Síndrome de Asperger, ela não sabe como captar o sentido. Caitlin, que não gosta de olhar para a pessoa nem que invadam seu espaço pessoal, se volta, então, para os livros e dicionários, que considera fáceis por estarem repletos de fatos, preto no branco. Após ler a definição da palavra desfecho, tem certeza de que é exatamente disso que ela e seu pai precisam. E Caitlin está determinada a consegui-lo. Seguindo o conselho do irmão, ela decide trabalhar nisso, o que a leva a descobrir que nem tudo é realmente preto e branco, afinal, o mundo é cheio de cores, confuso mas belo. Um livro sobre compreender uns aos outros, repleto de empatia, com um desfecho comovente e encantador que levará o leitor às lágrimas e dará aos jovens um precioso vislumbre do mundo todo especial dessa menina extraordinária.

“Passarinha” chegou às minhas mãos da forma mais inesperada possível. Já tinha lido muitos elogios sobre o livro e sempre fiquei intrigada pela capa, mas isso nunca foi o suficiente para despertar o meu interesse e fazer com que eu o desejasse loucamente a ponto de comprá-lo. A perspectiva de uma história com alta carga dramática sempre me deixa com os dois pés atrás, já que o drama e a bad nunca são elementos que fazem os meus olhos brilharem, sabe? Eu faço mais o tipo romance com uma boa dose de comédia, aliada a um belo felizes para sempre, de preferência os que arranquem suspiros e sorrisos bobos e despercebidos ao fechar o livro. Eu sei, eu sei. Você provavelmente deve estar se perguntando o porquê de uma pessoa que não compõe a lista de admiradores e fãs de dramas, ter comprado um livro que na sinopse já nos fala de uma protagonista com Síndrome de Asperger que acaba de perder o irmão, não é mesmo? Calma que eu te explico.

Basicamente, eu peguei uma promoção com cupom de desconto. Sim, simples assim. E como a boa compradora que sou – e que adora descontos -, lá fui eu felizona comprar o ebook pra, quem sabe, no futuro, em um momento deprê reflexivo, eu pegasse pra ler, né? – esperança é a última que morre. Mãaaas, como nem tudo pode ser morango com chantilly, é óbvio que a pessoa que vos fala tinha que ter algum probleminha desconhecido pela ciência que fez com que, sabe-se lá como, usasse o cupom sem efetuar a compra.

Imagem de funny Imagem de gif, Mary Poppins, and sarcasm
Imagem de nicki minaj, gif, and swag Imagem de gif, funny, and lol

Pois é meu povo, essa habilidade é para poucos. 

Acabou que no fim das contas eu fui tentar usar o cupom, mas ele não quis ser meu amigo e colaborar com a minha felicidade, então um ebook que era pra ter saído praticamente de graça, acabou me levando R$10,47 ]: tuuuudo bem né? É só a vida me mostrando que azar nunca é demais.

Depois de superada a raivinha que senti da minha própria incapacidade mental para usar cupons (mentira gente, normalmente eu uso os cupons direitinho, mas dessa vez sei lá o que aconteceu. Cérebro bugou e deu ruim. Já estou trabalhando na aceitação desse fato), decidi que “Passarinha” deveria ser a minha próxima leitura. Afinal, já que paguei pelo bichinho entendeu? bichinho, passarinha... Não? então deixa quieto, o mínimo que posso fazer é lê-lo, não é mesmo? E gente do céu, fico extremamente feliz de tê-lo feito.

"- É uma questão de finesse.
- FiNESse?
- Isso.
- Gostei dessa palavra. O que quer dizer?
- Fazer uma coisa com tato e habilidade ao lidar com uma situação difícil.
Fico surpresa por só estar aprendendo essa palavra agora. Ela é a minha cara! É o que tento fazer todos os dias para Lidar Com essa situação difícil chamada vida."

Confesso que pensei muito se escreveria uma resenha para esse livro. Não por ser bom ou ruim, mas porque a história tem muito o que contar. E ensinar. 
É aquele tipo de leitura absurdamente rápida e que durante todo o desenvolvimento você vivencia um misto de emoções... mas que quando acaba você ainda tá absorvendo tudo aquilo e não sabe muito bem o que sentir.

Se você leu a sinopse do livro, possivelmente deve ter ficado um tanto quanto confuso com expressões como "fazer bicho de pelúcia", "catar o sentido" e "sensação de recreio". Pois é, levou um tempo para eu me acostumar também, mas isso nada mais é que um "vocabulário" próprio, criado pela Caitlin, a nossa jovem protagonista de 10 anos, que desenvolve essa forma um tanto quanto única de compreender e significar o mundo a sua volta.
Além disso, nossa personagem também segue toda uma gramática diferentona, narrando a história através do que ela considera ser a forma correta e lógica de se escrever determinadas palavras. Então não estranhe se ao longo da leitura você se deparar com letra maiúscula onde deveria ser minúscula, ok? Tente controlar o seu TOC e continuar com a leitura u_u foi o que eu fiz.

Também vale destacar o charme dos detalhes que a autora desenvolve ao longo da narrativa. É uma experiência de leitura diferente e singular, onde a autora é tão íntima das palavras e domina tão bem as próprias habilidades de escrita, que acaba se tornando uma experiência maravilhosa para o leitor acompanhar todo o joguinho que ela faz com as palavras, com a gramática e até mesmo com algumas figuras de linguagem. Se meu inglês fosse um pouco melhor, com certeza tentaria uma releitura na língua da publicação original, pois acredito que a experiência de leitura e a compreensão de todo esse jogo de palavras seria ainda mais completa.

"Eu gosto das coisas em preto e branco. Preto e branco é mais fácil de entender. Cor demais confunde a cabeça da gente."

Outra coisa que gostei muito e que foi novidade pra mim foi a forma como a autora retratou a ingenuidade e a pureza das crianças. Sério. Além de "Matilda" do Roald Dahl, não me lembro de ter lido algum outro livro narrado por uma criança, sem ser totalmente voltado para o público infantil. Então foi uma experiência realmente nova e revigorante acompanhar uma história totalmente contada a partir da visão de uma criança, e com a participação de várias outras crianças no cenário da história. Ver a forma como tudo é levado ao pé da letra, e a falta de malícia para entender coisas tão corriqueiras no nosso dia a dia, como a ironia, foi realmente uma experiência interessante.

Também gostei muito da própria Caitlin. Não sabia exatamente o que esperar da personagem, mas o que quer que fosse, com certeza não contava com o enorme carinho e simpatia que desenvolvi por ela. Sério, gente. Foram vários os momentos em que me peguei rindo ou simplesmente sorrindo ao me deparar com determinadas atitudes, pensamentos, ou até mesmo interpretações da Caitlin. Ela é simplesmente tão inocente e tão pura, que é impossível não torcer pela vitória dela diante a indiferença dos outros. Fora o fato que a ausência de bom senso da personagem rendeu ótimas falas do tipo tapa na cara da sociedade. Sabe aquela pessoa que não tem filtro entre a mente e a boca? E que simplesmente fala tudo o que pensa, com uma sinceridade absurda que as vezes pode até mesmo ser confundida com grosseria? Pois é, essa é a Caitlin, nossa pequena umpalumpa maravilhosa e, devo dizer, EXTREMAMENTE bem construída <3

 Imagem de Jamie Campbell Bower 
Imagem de supernatural, you, and misha collins Imagem de addict, single, and be my valentine

"O bom dos livros é que as coisas do lado de dentro não mudam. As pessoas dizem que não se pode julgar um livro pela capa mas isso não é verdade porque a capa diz exatamente o que tem dentro. E não importa quantas vezes você leia aquele livro as palavras e imagens não mudam. Você pode abrir e fechar os livros um milhão de vezes que eles continuam os mesmos. Têm a mesma aparência. Dizem as mesmas palavras. Os gráficos e ilustrações são das mesmas cores. 
Livros não são como pessoas. Livros são seguros."

Como eu disse no começo do post, histórias com um teor dramático muito forte nunca são minha preferência pois, além de amar fortemente romance e histórias com um final feliz, eu raramente tenho paciência pra muito drama. Sabe aquela velha história de “De drama já basta a vida. Quando leio eu o faço para me distrair e não para me estressar”? Pois então, digamos que a blogueira que vos fala pode ser resumida nessa frase na hora de escolher as leituras.

No entanto, uma coisa que encontrei de muito positiva nesse livro foi justamente o fato da história ser contada pelos olhos de uma criança, o que acaba abrandando um pouco da carga dramática que seria esperada para a história que nos é contada, mas que, em "Passarinha", acaba tendo uma sutileza e sensibilidade únicas.
Se trata de um livro com uma escrita singela, porém carregada de ensinamentos e lições importantes que independem da idade de quem ler. É uma história que aborda os pré conceitos, os juízos prévios que criamos acerca de determinadas pessoas a partir de rótulos que elas carregam, sem nem mesmo darmos a chance de, de fato, conhecê-las. Também é uma história de empatia, sobre se colocar no lugar do outro.

"Embora eu não achasse que iria gostar da empatia ela é uma coisa assim que chega sem avisar e faz você sentir um calorzinho gostoso no Coração. Acho que não quero voltar para uma vida sem empatia."

Imagem de feelings, funny, and how i met your mother

Quando iniciei a leitura, esperava uma história extremamente dramática e bad vibes, a ponto de conseguir me arrancar lágrimas. E, confesso, no último capítulo eu realmente tive que engolir o choro e mostrar do que um coração negro e peludo é feito, mas com exceção desse capítulo, foi uma história bem tranquila de ser lida. Esperava encontrar uma grande lição no final, do tipo que me deixasse de queixo caído e pronta para entrar para o time dos apaixonados por dramas ok, não exagera, Rafaela, mas acabou que o final, assim como todo o livro, se mostrou uma surpresa diferente da esperada.

Não, nós não temos uma puta cena final digna de cair o queixo e te deixar impressionada. Mas quem disse que apenas as lições chocantes e impactantes são boas? Parando pra pensar a respeito, acredito ser justamente aí que reside a beleza e o charme desse livro. O fato da mensagem e das lições que ele passa não serem escrachadas ou surpreendentes como a gente espera. Não. A reflexão que vamos desenvolvendo ao longo da história e que chegamos ao término da leitura é exatamente como a nossa protagonista e narradora, Caitlin: sutil e discreta, mas nem por isso menos importante (;

"- Um filme não é tão bom quanto a vida real. Não tem nem termo de comparação.
(...)
- A vida é especial.
- Quer dizer... que não sou só eu que sou especial? Tudo na vida é?
- Isso mesmo.
Acho que a boa notícia é que todo mundo vai ter que aguentar ser especial porque todo mundo está vivo."

10 comentários:

  1. Oi Rafaela,
    Conheci o blog hoje e já comecei a seguir!
    Tenho uma amiga que leu Passarinha e me persegue para eu ler também, rs.
    Vou colocar ele na frente em 2018 ;)
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br

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    1. Oi Alessandra! Tudo bom?
      Só acho que você deveria dar mais atenção às indicações dessa sua amiga, hein? Ela sabe das coisas u_u kkkkkkkkk
      Faça isso! Tenho certeza que não irá se arrepender. E depois me conta o que achou (;
      Awwwwn, que amor! Seja muito bem vinda então! ^-^


      Um super beijo e volte sempre! :* <3

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  2. Olá, Rafaela.
    Eu sou dessas que gosta de histórias felizes também hehe. mas de vez em quando eu gosto de ler esses livros que nos emocionam e nos fazem chorar. Esse livro mesmo está na minha lista faz tempo, mas ainda não consegui comprar ele. Mas assim que der eu vou ler ele. já li alguns livros com crianças e são sempre emocionantes. E também sou dessas que faz essas cagadinhas na hora de comprar hehe.

    Prefácio

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    1. Oi, Sil!
      Eu costumo passar BEM longe de drama, mas confesso que depois de "Passarinha" e "Extraordinário" (que se tornou o meu xodó <3), vou tentar ser mais coração aberto e dar mais chances a esses tipos de livro.
      Siiiim, leia assim que possível! Tenho certeza que será uma leitura emocionante! (;
      Ai que bom saber que eu não sou a única que faz essas confusões! kkkkkk. Bate aqui, Sil! o/\o

      Um super beijo e volte sempre! :* <3

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  3. Oi
    eu já vi falarem super bem dele e apesar do interesse do prioridade a outros, mas que bom que comprou apesar do cupom não ter dado certo, ele parece ser uma boa leitura, bom saber que não chega a ter aquele drama pesado.

    momentocrivelli.blogspot.com.br

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    1. Oi, Denise!
      Esse negócio de wishlist que só cresce é um problema né? É tanto livro interessante que fica difícil dar conta de todos ]:
      Mãaaas, apesar dos lançamentos maravilhosos que acabam ganhando prioridade na nossa listinha, eu ainda recomendo fortemente a leitura desse livro em algum momento da sua vida. É aquele tipo maravilhoso de história que aquece o coração e acrescenta alguma coisa pra quem leu. Então fica aqui a minha recomendação ^-^

      Um super beijo e volte sempre! :* <3

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  4. Gente, vc conseguiu engolir o choro??? Eu chorei praticamente da primeira a ultima página!!! Miga cê é aquariana, ariana, virginiana? Pq gente eu chorei HORRORES lendo Passarinha! Concordo com tudo que você disse sobre o livro, acho que ele é um dos meus xodós da vida. Eu adoro que Passarinha não tenho uma cena final bombastica, adoro que seja essa coisa singela, sobre a a vida, que ele seja delicado, sutil, discreto, mas importante!

    Jaci
    Uma Pandora e Sua Caixa

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    1. Oi, Jaci!
      Pois é, menina! Aqui o coração é de pedra MESMO! XD
      Mas é sério, pra conseguir me fazer chorar, acho que só se eu estiver na tpm ou coisa assim, porque é bem difícil de acontecer ]: . Aliás, eu sou de gêmeos. Não sei se isso influencia em alguma coisa ou não, já que não manjo nada dessas coisas de signos, mãaaas... XD
      A delicadeza desse livro é algo incrível, né? O final principalmente. Tão encantador quanto a Caitlin <3

      Um super beijo e volte sempre! :* <3

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  5. Oi!!
    Tenho muita vontade de ler esse livro. A Caitlin parece ser encantadora mesmo. Gosto de livros onde os personagens principais não são perfeitos. Que bom que você gostou do livro, depois de ter comprado ele sem o cupom. Eu também não choro muito, mas dado o momento da minha vida acho que vou ser só lágrimas do início ao fim do livro.
    Beijos!
    Nerd Fox

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    1. Oi, Annie!
      Acho que você SUPER vai amar esse livro! Sério. Recomendo muitíssimo a leitura, e espero que você possa se encantar com a Caitlin e sua história tanto quanto eu <3

      Um super beijo e volte sempre! :* <3

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(Baltasar Gracián y Morales)